sexta-feira, 11 de junho de 2010

O Gondoleiro do Amor


1. TEUS OLHOS são negros, negros,

Como as noites sem luar...

São ardentes, são profundos,

Como o negrume do mar;


2. Sobre o barco dos amores,

Da vida boiando à flor,

Douram teus olhos a fonte

Do Gondoleiro do amor.


3. Tua voz é cavatina

Dos palácios de Sorrento,

Quando a praia beija o a vaga,

Quando a vaga beija o vento.


4. E como em noites de Itália

Ama um canto o pescador,

Bebe a harmonia em teus cantos

O Gondoleiro do amor.


5. Teu sorriso é uma aurora

Que o horizonte enrubesceu,

- Rosa aberta com o biquinho

Das aves rubras do céu;


6. Nas tempestades da vida

Das rajadas no furor,

Foi-se a noite, tem auroras

O Gondoleiro do amor


7. Teu seio é vaga dourada

Ao tíbio clarão da lua,

Que, ao murmúrio das volúpias,

Arqueja, palpita nua;


8. Como é doce, em pensamento,

Do teu colo no languor

Vogar, naufragar, perder-se

O Gondoleiro do amor!?


9. Teu amor na treva é – um astro,

No silencio uma canção,

É brisa – nas calmarias,

É abrigo – no tufão;


10. Por isso eu te amo, querida,

Quer no prazer, quer na dor...

Rosa! Canto! Sombra! Estrela!

Do Gondoleiro do amor.

- Recife, Janeiro de 1867.

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"Pra não passar em branco no Dia dos Namorados, resolvi colocar um dos poemas mais lindos (Na minha opinião) escrito por Castro Alves."

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