domingo, 22 de novembro de 2009

"Nem Tudo Que É Mito; Mente"


“Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão ali desde a infância, de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz cega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa entrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.”


É com essas palavras que Sócrates começa então o tão conhecido Mito da Caverna, Livro VII da República de Platão, e é com elas que eu resolvi iniciar esse blog, não por menos já que o próprio título tem completa relação com o pensamento Socrático exposto a Glauco, quando o filosofo discorre sobre o constante estado de aprisionamento em que a humanidade se encontra, não necessariamente por paredes e grades (embora com a modernidade e os constantes problemas decorrentes da violência e da falta de segurança nos mantenham presos também nesse sentido), mas na maior parte do tempo, (e é justamente nesse ponto que quero focar essa postagem), a humanidade vê-se aprisionada na própria mente, enclausurada nos próprios pensamentos e nas ficções que fazem de um mundo que na maior parte das vezes não tem um sentido real. Bom embora a sentença “sentido real” também não tenha um verdadeiro sentido.


É essa prisão mental em que a humanidade se encontra que me faz refletir sobre como hoje poderíamos viver mais livres, e não o contrário como acontece, e que embora com todos os meios de informação, comunicação, locomoção, nos vemos mais aprisionados que o pensador grego que nos conta a historia. E em um sentido irônico, é na época que quanto mais temos a oportunidade de difundir o pensamento, a nossa cultura, nossas idéias (e embora muitas vezes tachadas de inúteis, são coisas ninguém pode tirar de você, por ninguém terá outras com essas características), menos nos preocupamos com essa difusão, menos nos interessamos em nos libertar das prisões que o mundo moderno nos tem imposto.


Não tenho a pretensão de retirar as pessoas do seu estado de dormência, de dar-lhes uma pílula vermelha e tira-las da Matrix , (sinceramente, não tenho interesse nessa ação de altruísmo), mas se tenho as ferramentas em minhas mãos e tenho um conteúdo bom pra poder divulgar, não vejo por que me abster de difundi-lo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário